17 de novembro de 2020

O enterrado vivo!


O Dr. Perón Autret advertia em seu livro. "Os enterrados vivos", acerca do possibilidade de alguém ser enterrado vivo, vitima da morte aparente, causada por uma crise de catalepcia.

Conhecedor da tese do médico francês, o Dr. Milton R. Dantas, que durante muitos anos foi Diretor do Instituto Médico Legal, na cidade de Natal – RN, recorda a tragédia do seu amigo J. G. A, vítima de um choque elétrico que o deixou aparentemente morto. 

Durante o velório, sentado ao lado do ataúde, o Dr Milton surpreendeu-se com a viúva enxugando, com freqüência, a testa úmida do marido. Discretamente, sem despertar curiosidade, ele lhe toma o pulso e verifica-lhe a temperatura. Não percebeu nenhuma pulsação, no entanto o corpo não estava frio nem a pele apresentava-se cerosa com a característica cor cadavérica.
Sem confessar a suspeita, sugere à desolada esposa a conveniência de adiar o sepultamento, em vez de fazê-lo às 17h, como estava programado. E o enterro só foi realizado na manhã seguinte. Três anos depois, ela manda retirar os restos mortais do marido.
O coveiro, ao levantar a tampa do caixão, surpreendentemente, torna a fechá-lo. Exige a presença do médico legista. Coincidentemente o Dr. Milton encontrava-se no cemitério, como o fazia diariamente na sua condição de médico verificador de óbitos. Levantando a tampa novamente, ele olhou para o interior do caixão. E o que viu nunca mais pôde esquecer. O amigo, a quem visitara durante o velório, encontrava-se emborcado, vestido com o mesmo terno azul ainda em perfeito estado.
O coveiro, com a sensibilidade embotada pela natureza do seu trabalho, volta-se para a viúva e, rudemente, lhe declara apontando para o túmulo vazio.
- Minha senhora, o seu marido morreu aqui dentro.

Autor: José de Anchieta Ferreira, Histórias que não estão na História- RN Gráfica e Editora Ltda.

12 de novembro de 2020

O Jumento que decidiu uma difícil causa!

 

Lembrei-me, hoje, de um inusitado caso que ocorreu com o meu avô materno, o Desembargador Dr. Hemetério Fernandes, fundador e primeiro Presidente da Instituto da Ordem, dos Advogados do Brasil, seção do Rio Grande do Norte. Homem apegado à cultura, também foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Era ainda jovem e recém casado, quando foi nomeado para a distante cidade de Martins, onde causas de difíceis solução ocupavam grande parte das estantes de sua sala de trabalho. Desavenças por questões de terra, algumas de antigas sesmarias, ocupavam boa parte do tempo do jovem magistrado.
Uma dessas questões foi a de dois "coronéis" que, irredutíveis, disputavam um pedaço de terra. 
Na sua mesa de trabalho, instalada na sala que dava para a rua da pequena cidade, o Dr. Hemetério estudava o difícil processo, contendo antigas escrituras. Um dia, ainda às voltas com o complicado quebra-cabeça, sem vislumbrar no meio de toda aquela quase centenária disputa, que já envolvia os filhos dos já falecidos litigiantes, minha avó veio chamá-lo para o almoço.
Na sala de jantar, meu avô ouviu o ruído surdo de pisadas provavelmente, pensou, de alguém que entrou sem se anunciar. Falando alto, pediu ao desconhecido para sentar-se, enquanto terminava de almoçar. Antes, convidá-lo para o almoço. Não obteve resposta, e ficou pensando que se tratava de uma pessoa tímida ou com audição deficiente.
Nem desconfiara, meu avô, que o desconhecido era um jumento que, encontrando a porta aberta, penetrara sala a dentro e, pisando macio, foi direto à escrivaninha do juiz. E, de apetite aguçado e voraz, "almoçou" as folhas amareladas das velhissimas e irrecuperáveis escrituras.
Quando o Dr. Hemrtério retornou à sala, deparou-se com o jumento ainda mastigando gostosamente as últimas porções do trabalhoso processo.
Entre aflito e espantado, num gesto impulsivo, avançou na direção do animal, na tentativa perigosa de arrancar um pedaço do processo ainda à mostra. Mas, o jumento, assustado, também, numa manobra rápida, ganhou a rua, passando pela porta escancarada.
Preocupado, o magistrado mandou chamar os dois fazendeiros irreconciliáveis e narrou-lhes o acontecimento irreparável.
- Agora só há uma saída: um acordo amigável.
Oferecendo-se para servir de árbitro, convida-os para discutir e chegar a um entendimento. Sem outra opção, aceitam a mediação do juiz. E chegaram a um acordo, encerrando, assim, uma antiquíssima desavença.
- E dessa maneira - dizia, o Dr. Aldo Fernandes a seus alunos, na Faculdade de Direito de Natal: pela primeira vez na história um jumento concorreu, decisivamente, para resolver uma complicada questão de terras.

Autor do relato: Dr. José de Anchieta Ferreira In: Histórias que não estão na História. 


10 de outubro de 2020

O Primeiro Baile da História do Brasil

 Se o gaiteiro estava tomado pela nostalgia que se chamará saudade, tocou chorado. Se tocou chorado, foi o primeiro choro, 500 anos antes de Pixinguinha.
Pedro Álvares Cabral tinha descoberto o Brasil havia apenas cinco dias quando aconteceu o que conto a seguir.
Um gaiteiro da tripulação desceu à praia e começou a tocar. Caminha não diz, mas era coisa animada.
Os pelados (Caminha só os chama assim) correram para ouvir. Fez-se uma roda. O gaiteiro tomava os pelados pela mão, eles folgavam e riam.
Sabemos como são essas confraternizações com nativos. Lembram-se do príncipe Charles requebrando com a Pinah no ensaio da Beija Flor?
O garotão português, embarcado à força, sentia uma coisa que ainda não tinha nome. Empolgado, fez voltas ligeiras no chão (miudinho?), deu vários saltos reais, vai ver que sua especialidade nos bailes de aldeia. 
A gaita, é bom avisar, não era de boca, daquelas que menino pobre ganha no Natal. Era de fole, parecida com a dos escoceses.
Foi este o primeiro baile da história do Brasil. Se o gaiteiro estava tomado pela nostalgia que se chamará saudade, tocou chorado. Se tocou chorado, foi o primeiro choro, 500 anos antes de Pixinguinha.

Escrito por Joel Rufino dos Santos


16 de maio de 2017

A verdade sobre a Independência do Brasil

A figura imponente de Dom Pedro 1º em trajes militares, montado em um cavalo alazão e cercado por um grande número de guardas, eternizada no quadro "O brado do Ipiranga", de Pedro Américo, ainda permanece no nosso imaginário, mas não representa a realidade dos fatos.
Na verdade D. Pedro montava um animal de carga, provavelmente uma mula, estava vestido como um tropeiro, não em uniforme militar, e os dragões da Independência ainda não existiam. A guarda de honra era formada por fazendeiros, cavaleiros e pessoas comuns das cidades do Vale do Paraíba, por onde o príncipe passara alguns dias antes a caminho de São Paulo. Além disso, uma testemunha do Grito (o coronel Marcondes, futuro Barão de Pindamonhangaba) registrou em suas memórias que D. Pedro estava com dor de barriga devido a algum alimento estragado que havia comido no litoral paulista. A cena real é bucólica e prosaica, mais brasileira e menos épica do que a retratada no quadro de Pedro Américo. Os Dragões da Independência, a guarda fardada e imponente que aparece na tela não existia na época do grito original às margens do Ipiranga.

O quadro de Pedro Américo é suspeito de ser um plágio.
Além da glamourização do "Independência ou Morte!" , o brado de Dom Pedro às margens do rio Ipiranga, outra questão polêmica é a suspeita de que o quadro de Pedro Américo seja um plágio de uma outra obra famosa, Napoleão em Friedland, de autoria do pintor francês Jean Louis Messonier e exposta atualmente no Metropolitan Museum de Nova York. Os dois quadros são quase idênticos, mas o de Messonier é mais antigo que o de Pedro Américo".
O Hino da Independência não foi composto em 7 de setembro de 1822
D. Pedro I era de fato um músico talentoso, capaz de fazer composições de qualidade bastante razoáveis para a época. Ainda assim, seria extraordinário que ele, no intervalo de apenas cinco horas, entre o Grito do Ipiranga e as celebrações noturnas em São Paulo, tivesse composto e ensaiado um hino de estrutura bastante complexa como o da Independência. Isso jamais aconteceu.

Dom Pedro compondo o hino da independencia
Para se comemorar a Independência foi tocado a Hino Constitucional Português
A música executada na noite da Independência foi o Hino Constitucional Português, de Marcos Antônio Portugal, amigo e professor do príncipe regente. A música do atual Hino da Independência foi composta por D. Pedro, mas numa data posterior. A letra é de um poema chamado “Brava Gente”, de autoria do jornalista Evaristo da Veiga. A história oficial se encarregou de propagar a versão de que a noite de 7 de setembro de 1822 em São Paulo teria sido épica, de celebrações, discursos e composições inspiradas.

O Brasil não deixou de ser colônia de Portugal no dia 7 de setembro de 1822
Naquela época, uma viagem de navio entre o Rio de Janeiro e Lisboa demorava cerca de dois meses, o que significa que as notícias a respeito do 7 de setembro de 1822 só chegaram a Portugal em novembro de 1822. A reação foi imediata. Os portugueses se mobilizaram para enviar mais tropas ao Brasil e tentar subjugar pela força os adeptos da Independência. A guerra só terminaria em novembro de 1823.

A Independência do Brasil não foi um processo pacífico
Segundo cálculos dos historiadores, morreram cerca de cinco mil pessoas nos confrontos entre portugueses e brasileiros, o que desmente também um outro mito segundo o qual a Independência brasileira teria sido um processo pacífico, resultado de uma negociação entre pai e filho, ou seja, D. João VI e D. Pedro. Isso não é verdade. Muita gente pegou em armas e morreu defendendo a autonomia do Brasil, especialmente na Bahia e nos outros estados do nordeste.
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O Brasil teve que pagar pela Independência

Portugal só reconheceu a Independência do Brasil em 1825, mediante uma indenização de dois milhões de libras. Com parte desse valor, a antiga metrópole cobriria alguns dos gastos para impedir que o Brasil se tornasse uma nação independente. Depois de ganhar a guerra caberia aos brasileiros ressarcir os prejuízos dos adversários derrotados. No entanto, a assinatura desse tratado abriu caminho para o reconhecimento da nação que surgia no Novo Mundo.