15 de abril de 2013

Chico Rei, Monarca africano no Brasil do século XVIII.

A história oficial do Brasil quando não omite oferece muito poucos dados sobre a vida de “Chico Rei”, que mais fazem lembrar estórias de um personagem lendário. Já no Rio Grande do Sul, o registro da presença do “Príncipe de Ajudá ( São João Batista de Ajudá era uma fortaleza portuguesa no Daomei, hoje Benin na África), adotando o nome brasileiro de Custódio Joaquim de Almeida”. Chico Rei, entretanto, ele existiu em carne e osso.
Chico Rei, nascido “Galanga no Congo”, como monarca e sumo-sacerdote do deus pagão “Zàmbi- Apungo”, foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses de escravos e vendido, com o filho “Muzinga”, no Rio de Janeiro, de onde foi levado para “Ouro Preto” em 1740. A Rainha “Djalô e a filha, a Princesa “Itulo”, foram jogadas no oceano pelos marujos do navio negreiro “madalena”para aplacar a ira dos deuses da tempestade, que quase o afundou”.
Estes dados e outros que se seguem a estas breves linhas, divulgadas na revista “Isto É”, de 20 de maio de 1998, nº 1494.
Segundo este relato, Chico Rei era um homem negro, dotado de elevada inteligência e muita energia, o que contribuiu para reconduzi-lo ao reinado, mesmo no exílio, “com direito a cetro de ouro, coroa e palácio real”. Figura emblemática, serviu-se de seu carisma e de seu espírito de determinação para chegar às culminâncias do poder, na condição de Rei proletário, pois, trabalhando como qualquer escravo, conseguiu comprar sua “alforria” e a de mais 400 negros cativos, devolvendo-lhes a liberdade.
Tanto é que ao falecer em 1781, com 72 anos de idade, era um negro rico, respeitado, que deixava “42 potes, com aproximadamente 100 quilos de metal precioso” para os súditos e para o seu único filho, “Muzinga”, cujo paradeiro, até hoje constitui um mistério que desafia os historiadores mais confiáveis, como “Agripa Vasconcelos”. Com a entrada do pesquisador Antônio Barbosa Mascarenhas, de 75 anos, em cena, parece que tal mistério começa a ser desfeito.
Ouvindo velhas histórias de antigos habitantes da região do Ouro Preto, São Del Rey, Mariana, Tiradentes e Diamantina, Mascarenhas ao cotejar documentos da época sobre o assunto descobre “que os descendentes de “Chico Rei”se fixaram em uma área de 50 alqueires, vizinha à sua propriedade, conhecida como Pontinha”. Mascarenhas ainda nos revela que “Muzinga” e seus seguidores dirigiram-se, provavelmente, em 1785, quatro anos depois da morte de seu pai Chico Rei,
para Diamantina, então Vila do Tijuco, terra de Chica da Silva, por ali permanecendo pelo fato de haver comprado as terras do Padre Antônio Moreira, que ficavam em Pontinha.
Outro historiador especialista em estudos sobre Ouro Preto, José Efigênio Pinto Coelho, considera que a “comunidade da Pontinha pode, realmente, ter sido formada por descendentes do legendário rei-escravo”. “A possibilidade existe e é fortíssima. A história dos negros libertos por Chico Rei estava perdida e essa descoberta é de grande importância para reconstituí-la”, acredita o historiador Pinto Coelho.
O nome de Chico Rei e de outras grandes figuras características que permanecem, ou permaneceram, no esquecimento, por parte da historiografia oficial no Brasil, começam a ser revelados para os estudiosos, os militantes da causa “afro-brasileira”e para o público em geral.
Assim é que Chico Rei começou a fazer parte de nossa história, com o seu verdadeiro perfil redesenhado pelo pesquisador e pelo historiador, comprometidos efetivamente com o estabelecimento, da “verdade histórica”, na medida em que sua trajetória, por todos títulos, gloriosa, passa a ocupar as páginas de nossos livros didáticos, de nossos sambas-enredos e dos noticiários da vida nacional.
ar estórias de um personagem lendário. Já no Rio Grande do Sul, o registro da presença do “Príncipe de Ajudá ( São João Batista de Ajudá era uma fortaleza portuguesa no Daomei, hoje Benin na África), adotando o nome brasileiro de Custódio Joaquim de Almeida”. Chico Rei, entretanto, ele existiu em carne e osso.