17 de agosto de 2012

Bandeira no Senado é arte do encarregado da limpeza

Quem já assistiu a algum trecho de discurso no Senado Federal deve ter reparado na bandeira brasileira desenhada em auto-relevo, na carpete, centralizada em frente à plenária, que recobre o tablado onde fica a mesa do Presidente da casa e seus auxiliares. O que talvez as pessoas não saibam é que o tal auto relevo não é obra de um arquiteto ou decorador renomado. Tampouco é fruto do desejo de algum presidente invadido por inspirado furor patriota que ocupou a cadeira principal da casa. Não, políticos não têm a capacidade de amar a Pátria ao ponto de se preocupar com essas detalhes. A idéia partiu de um humilde servidor, um honrado e habilidoso brasileiro num dia de 1998. Explodindo de alegria pelo nascimento do filho, o encarregado de limpeza Clodoaldo dos Santos resolveu transformar sua habilidade com o aspirador de pó e com as escovas num desenho da bandeira do Brasil moldada no carpete azul. “A pessoa tem que se envolver com o País, não pode ficar à parte”, justificou depois. Clodoaldo não tinha a menor ideia se levaria uma bronca ou, simplesmente, se a obra patriótica seria desfeita. Para sua surpresa, a chefia adorou o detalhe e não entendeu como tinha sido feito sem nenhuma máquina especial. Desde então, a bandeira nunca foi apagada. Hoje, Clodoaldo comanda a limpeza e a manutenção do Senado. Apesar de não trabalhar mais com o aspirador e o escovão, usa os instrumentos para retocar a bandeira semana sim, semana não. E com o sucesso da primeira obra, resolveu seguir adiante. No carpete em frente às laterais da mesa, tal qual um Niemeyer com escovão, tratou de remexer as cerdas até surgir diante dos senadores a catedral de Brasília e a fachada do Congresso Nacional. Reportagem do Fantástico com Clodoaldo. 
 
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